Thursday, January 11, 2007

Há pouco entrou-me uma joaninha pela janela

Há pouco entrou-me uma joaninha pela janela. Não via nenhuma há bastante tempo. Abri a janela para tentar perceber de onde vinha tanto barulho, já sabendo que os homens das obras voltam do almoço a estas horas. Eu sabia que ia encontrar uma máquina enorme qualquer a funcionar, quase como se só quisesse mesmo fazer barulho para fazer parecer que eles estavam a trabalhar. Acho que por vezes fazem isso.
Para grande surpresa minha, era uma máquina enorme a fazer barulho. Nem me fingi surpreendido e olhei em volta. Gosto de ver gente e carros a passar na rua. Não são só os rios que não correm duas vezes da mesma forma. Depois de dizer "olá" ao cão das pessoas que vivem no piso de baixo, reparei que com toda aquela luz solar, se virasse a cabeça para dentro do quarto não conseguia ver nada no monitor. Tentei fechar um pouco os olhos e só lá reconheci formas porque já sabia que lá estavam.
Quando ia fechar a janela por causa do barulho vi dois pontinhos. Não sei o que era um deles, mas tentei desviar-me e enxotar o outro. Não adiantou muito. Não era muito grande e ficou no parapeito de mármore da minha janela. Era uma joaninha. Depois de arrumar as asas como deve ser virou-se para mim e começou a andar para a direita. São cómicas a passear.
Tinha sete pintas. Não sei se isto tem algum significado em particular, mas apeteceu-me contar. Depois de a pôr fora do parapeito com cuidado fechei a janela. Ainda fiquei a olhar para ela mais um bocadinho.
"Pronto, não posso engonhar mais. Tenho de ir fazer os trabalhos. Os prazos já estão assustadoramente perto.", pensei. "E nunca mais vais escrever nada para o blog?". "Pois, se calhar era melhor escrever alguma coisa. Acho que já o devo a quem está a ler e o Pinhas foi o último a colocar lá alguma coisa. E agora, vou escrever sobre o quê?"

Manuel Correia, 11 de Janeiro de 2007