Friday, November 17, 2006

Ela estava ali. À chuva.
De joelhos no chão, parecia afogar-se na poça de sangue à sua volta. Aproximei-me. Pus-me de joelhos e levantei-lhe a cara. Ela não me reconheceu. Tirei a camisa e rasguei-a em duas, e apertei com força os braços dela, para parar a hemorragia. De repente, comecei a ouvir soluçar. Ela chorava. Não se sentiam lágrimas, a chuva não permitia.
Levantei-a. Apoiada, levei-a até um sítio abrigado, limpei-lhe a cara e abracei-a. "Não interessa o que aconteça, eu vou estar sempre, sempre aqui. Já sou uma boa razão para não desistires de tudo, não?" Ela sorriu, o sorriso mais triste e forçado que já vira. "Obrigada", ela disse. Sei que sentia isso, mas será que serviria de algo? Não sabia o que fazer. Levei-a para minha casa, lavei-lhe os braços e pus-lhe umas ligaduras. Vesti-lhe uma camisa de noite e fui fazer-lhe um chá. Quando voltei, dormia no meu sofá. Sentei-me no chão e fiquei a olhar para ela. Uma cara tão pacífica, tão ingénua, tao feliz. Com uma expressão calma na cara, não parecia uma das pessoas que mais sofria no mundo. E eu... eu não sabia o que fazer.

by Rei

0 Comments:

Post a Comment

<< Home